O
pelicano é um animal muito devoto à sua prole. De acordo com a lenda, as crias
de pelicano batem as suas asas de forma tão violenta no rosto dos progenitores
que o "pai", em raiva, mata-os. Então a mãe perfura o seu próprio
peito e revive as suas crias como o seu sangue. Deste modo, o pelicano
representa um Deus zangado e vingativo que pune os Seus filhos, mas mais tarde
arrepende-se e concede-lhes a salvação. Também ao alimentar a humanidade com o
seu próprio sangue, representa a Eucaristia - este conceito tornou-se muito
popular na Idade Média como resultado dos textos místicos de Santa Gertrudes de
Helfta que, numa visão, viu Cristo desta forma. A Igreja fez dele um símbolo,
no qual ele assemelhava-se ao Salvador, derramando seu sangue pela Igreja e
pela humanidade. Por vezes o pelicano é representado no ninho no cimo de uma
cruz, ou perto da Crucificação, representando a expiação.
Breviário
de António de Burgundy, origem holandesa, c. 1475.